segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Retratação Centenária


Falar sobre uma cidade ou retratar os seus valores exige cuidados, pois implica naturalmente em tocar direta ou indiretamente em focos históricos, culturais, psico-sociais, econômicos e principalmente quanto a individualidade de cada pessoa. Tal missão se torna ainda mais difícil quando se tenta retratar, não a sua cidade natal, mas outra pela qual nutre vínculos afetivos, entre outros. Este é o desafio neste momento.
Juazeiro do Norte, em pleno centenário, merece ser retratada sob paradigmas pertinentes a conceitos como valorização, respeito, objetividade, compreensão abrangente e visão atenta às características específicas; como o esperado em relação a qualquer outra cidade.
Esta aventura letrada requer vossa imaginação, então assim teremos aqui o que chamo de ‘retratação’ (retratar+imaginação). Alerto que neste espaço opto por focar valores proativos, me permitindo deixar de lado aspectos e fatos que  não se enquadrem neste perfil, embora não negue a existência dos mesmos e que tais fatos e situações não mereçam atenção, afinal eu é quem vou ‘retratar’ ou fotografar através das letras.
O primeiro retrato da ‘Capital do Cariri’ que vêm a qualquer imaginação é a vinculação do município com a imagem de Padre Cícero, tal qual uma simbiose. Padim e Juazeiro do Norte são inseparáveis. Um é razão do outro e ambos fazem compõe um mesmo cenário.
É uma imagem linda estampada com inúmeras cores em casas comerciais, cordéis, na música, no teatro, no artesanato, na história, na política e na religiosidade naturalmente. Segundo registros é o maior centro de manifestação religiosa da América Latina. Atente para este perfil e compare com outras cidades de nosso país.
A partir desta imagem real e forte, temos outras mais. Ultrapassando os limites geográficos deste sul cearense, Juazeiro do Norte contamina parecendo dar um abraço invisível em outras cidades, como num intercâmbio. Então, por exemplo, quando estive  por inúmeras vezes em Mauriti, senti o atrativo ‘cheiro juazeirense’. Quando no Crato, a extensão de Juazeiro lá se pode sentir. Em Missão Velha, ‘juazeirosamente’ convive-se seus ares. O mesmo acontece em Brejo Santo, Araripe, Barbalha, Caririaçu e tantas outras cidades da região. Entenda-se que os limites geográficos ficam apagados nas mentes das pessoas. Sabe-se que está distante de Juazeiro, mas sente-se ainda impressões da mesma em outra localidade.
Outra fotografia da imaginação refere-se a influência juazeirense nas artes. Destaco aqui como referência a música. O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, pernambucano do Exu que se encantou por Juazeiro do Norte e Padim. E aqui outra simbiose se constrói: o cantar da música típica nordestina extrapola outros limites e acaba por inebriar todo um país.
Mas não é somente no passado, pois no presente contamina também. Note-se os versos do samba-enredo da Escola de Samba Tradição, do Rio de Janeiro, no carnaval de 2011: “ Hoje eu sou romeiro e canto forte / Um samba de amor e devoção /À Juazeiro do Norte, 100 anos de fé e oração!”. A Sapucaí sob o encanto de Juazeiro do Norte, a cores e sabores.
Como chumbo trocado não dói, a Escola de Samba União da Vila Albertina mostrou aos paulistas a fotografia juazeirense no sambódromo cantando o samba-enredo “Juazeiro do Norte um Centenário de Festejos e Muita Fé”.
Eta! Juazeiro do Norte cantado e encantador, que é claro também têm dor.
Então subo bem no alto da Colina do Horto, fotografo a estátua de Padre Cícero Romão Batista, com seus 17 metros de altura. O tamanho da obra é equivalente ao das obras literárias a seu respeito em todo o mundo, entre livros, artigos e biografias.
Entremeado por cantos, orações, conversas e declamações lá está Padim, com sua postura firme e olhar acolhedor, consagrando a todos com imagens que vão para distantes horizontes do planeta.
Do alto da Colina me debruço aos encantos da Chapada do Araripe. Juazeiro do Norte se declina aos pés de uma grande mesa que emerge da planície do Cariri. Um patrimônio natural que tem através do Geoparque Araripe a preservação das riquezas naturais da Chapada, jazidas de fósseis, a maior concentração de ptesossauros do mundo e  sendo este o único Geoparque em todas as Américas.
Por sinal a palavra ‘araripe’ vem dos índios tupi-guaranis com o significado de ‘lugar onde começa o dia, ou a claridade’.
Eta! Centenário multifacetado.
E diante destes breves retratos questiona-se como é possível imaginar que tem gente míope, com cegueira da mediocridade que não está aberta para aprender coisas deste Brasil.
Eu não sabia disto, mas tive a humildade de buscar no Google. Parte de minha ignorância foi eliminada graças a dezenas de sites e blogs caririenses para assim ter um ‘olhar arapiano’ e buscar a pretendida claridade da retratação de um Juazeiro que fica no nordeste, embora seja do Norte; um digno cabra da peste, mesmo que alguns ainda o trate sem o global suporte.

Texto enviado por Tito Oliveira

Um comentário:

  1. Enquanto temos a "honra" de recebermos projetos do governo do estado. A cidade de Sobral, busca coisas bem mais atrativas e sedutoras, com logicamente ajuda do governo CID. Como é que esse governador só leva o prefeito de Sobral pra o estrangeiro, a fim de buscar novos projetos pra o Ceará? Ou será pra Sobral???
    Basta conferir: http://sobralemrevista.blogspot.com/

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